Resenhas de Singles

Lançamentos da semana: Dandy Warhols, Ride, Jesus and Mary Chain e Kim Gordon

Tempo de leitura: 8 min

Dandy Warhols: Sarcásticos, estranhos e maravilhosos

Dandy Warhols disponibilizou o single “Danzig With Myself” (impossível de falar o nome e não lembrar do clássico de Billy Idol), em parceria com Frank Black, dos Pixies. A música fará parte do décimo segundo álbum de estúdio, intitulado “Rockmacker”, e será o sucessor do último disco, “Tafelmuzik Means More When You’re Alone “, lançado em 2020.

Dandy Warhols_foto divulgação
Dandy Warhols – foto divulgação

Em uma entrevista recente para o site Stereogum, o líder da banda, Courtney Taylor-Taylor, revelou que compôs um riff que lembrava Misfits e os sons do Danzig, mas em baixa rotação. Taylor, conhecido por ser bem maluco, tirou dessa explicação rítmica o nome da faixa do novo álbum. Completou dizendo que, durante uma turnê na Suíça, em um encontro com os Pixies, fez um convite a Frank Black para participar do novo disco, sem esperar o que aconteceria.

Aconteceu que Black aceitou, e a faixa caiu como uma luva para o líder dos Pixies. Uma mistura de sua própria banda, com guitarras pesadas e caóticas, mas com uma veia dançante. “Danzig With Myself” tem a assinatura tanto na parte instrumental quanto vocal, e caberia fácil no disco de ambas as bandas.

“Rockmacker” terá 11 faixas com previsão de lançamento para o dia 15 de março. Segundo a banda, será um dos discos mais pesados do quarteto de Portland. A produção e masterização do disco ficaram a cargo de Keith Tenniswood ( David Holmes, Primal Scream, Rotters Golf Club ), com mixagem do aclamado produtor britânico Jagz Kooner ( Massive Attack, Kasabian, Garbage ). A banda já se prepara para uma turnê na América do Norte e na Austrália.

Ride: Rumo à Paz

Com o revival do shoegaze e o interesse dos millennials pelo estilo via Tik Tok, um dos pilares do gênero, a banda britânica Ride, disponibilizou o single “Peace Sign”, que fará parte do sétimo disco de estúdio.

RIDE - Foto por Cal McIntyre
RIDE – Foto por Cal McIntyre

Assim como o Slowdive, que lançou o ótimo disco “Everything is Alive “, o Ride, nesta nova música, parece olhar menos para os tênis e mais para outros horizontes. Mantendo as guitarras não tão sujas, mas sempre presentes, o Ride assume uma veia pop e se lança em busca de equilíbrio ou de sinal de paz, fazendo referência ao nome da música.

A música tem uma veia mais direta e melódica, e segundo Andy Bell, líder do grupo, foi inspirado em U2, Talk Talk e Tears For Fears. Com um novo trabalho a caminho, intitulado “Interplay”, o disco será lançado dia 29 de março via Wichita Recordings / PIAS.

Jesus and Mary Chain biográficos

O Jesus and Mary Chain também tem o nome gravado no shoegaze, mas diferente das bandas referências no estilo, os escoceses ultrapassam o gênero e viraram instituições do rock. Várias bandas copiam ou são influenciados musicalmente por eles. Arrisco dizer que até o lifestyle rockeiro e o ódio entre os irmãos Reid serviram de inspiração para outras bandas.

Jesus and Mary Chain - Foto por Mel Butler
Jesus and Mary Chain – Foto por Mel Butler

Em cima de todo esse histórico, o Jesus and Mary Chain disponibiliza “Chemical Animal”, o segundo single do próximo disco denominado “Glasgow Eyes”, que será lançado em 08 de março.

Enquanto o primeiro single, “Jamcod”, fala da briga dos irmãos na década de 90 que culminou com o fim da banda, “Chemical Animal” retrata os dias sombrios de dependência química, conforme relata Jim Reid para a NME:

“Quando você cai tão fundo naquele buraco que tudo que você faz é por instinto, as drogas são a força motriz. Era uma maneira horrível de viver e sou grato por não viver mais assim.”

Jim Reid para a NME

“Chemical Animal” tem a famosa base de bateria eletrônica que a banda usou muitas vezes em várias fases da banda, e um trabalho de guitarras percorrendo toda a música com melodias, barulhos e efeitos que viraram a marca do Jesus and Mary Chain. Sem falar, é claro, no modo agonizante e abstêmio que Jim deixa evidente no vocal da música.

“Glasgow Eyes” será o oitavo álbum de estúdio de uma banda que completa 40 anos de carreira, e será o sucessor do aclamado “Damage and Joy”, de 2017. A demora entre um disco e outro, segundo o Jim Reid, é a preguiça que os irmãos têm em compor novas faixas. Além do novo disco neste ano, uma biografia e um documentário estão a caminho, além de uma turnê mundial.

Kim Gordon cada vez mais contemporânea

Kim Gordon deixou de ser a garota da banda há tempos para assumir de vez o quanto ela é uma ARTISTA completa. Talentosa como instrumentista, criativa e experimental como sempre soubemos que ela é, e cool, muito cool. Kim lançou um rap rock eletrônico alternativo de cair o queixo.

kim Gordon - foto por Danielle Neu
kim Gordon – foto por Danielle Neu

Sim, Kim Gordon fez um rap! Quando ouvi o começo de “Bye Bye”, pensei que seria um novo som de Nicki Minaj (me empolguei) com Cardi B, mas o vocal indefectível e único de Kim Gordon fez a música “Bye Bye”, me deixar abalado e maravilhado com esse novo trabalho que virá.

Kim Gordon sempre foi o lado experimental do Sonic Youth. Bastante ligada a cena rap de New York – sua antiga banda fez até um feat nos anos 90 com Chuck D, do Public Enemy – Kim, sempre foi uma artista multimídia e transmídia. Sua expressão artística transcende a música, incorporando moda, cinema e letras, numa mistura única.

Essa mistureba fica tão evidente, pois, junto com a música cantada em formato rap, em cima de uma base de trap e com sintetizadores e guitarras emprestadas do rock alternativo, possui ainda um videoclipe estrelado pela sua filha, Coco Gordon Moore, e dirigida pela fotógrafa Clara Balzary, filha do icônico baixista Flea, do Red Hot Chili Peppers.

Clipe Bye Bye estrelado pela filha de Kim Gordon, Coco Gordon Moore

Esta faixa fará parte do seu novo álbum, “The Collective”, que sairá selo Matador Records no dia 08 de março, e com produção de Justin Raisen, um produtor pop mais conhecido por seu trabalho com Sky Ferreira, Charli XCX e Lil Yachty, e com o baterista Anthony Paul Lopez. Haverá resenha por aqui com toda certeza.

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