Unlimited Love

RED HOT CHILI PEPPERS – UNLIMITED LOVE

Tempo de leitura: 6 min

Frusciante e suas fases de amor pelos Red Hot

Só um amor sem limites para haver tanta reconciliação numa relação que já dura 40 anos. Estamos falando de um amor clássico, amor de geração X. Para falar do novo disco do RHCP, faremos um parâmetro das três fases do amor, e os três períodos do Frusciante na banda.

O primeiro é o desejo ou luxúria, a busca da satisfação sexual, comandada por hormônios sexuais

Frusciante entrou no RHCP em 1988, banda que já tinha até então 03 discos lançados, e procurava uma chance no mainstream do rock. Ele, com 28 anos, numa banda com músicos mais experientes, foi a junção perfeita do seu talento enquanto guitarrista e multi-instrumentista. Discos como Mothers Milk e o celebrado Blood Sugar Sex Magik mostram a ebulição dos hormônios e o ápice do prazer que a banda atingiu, fazendo deles, uma banda de sucesso, e de Frusciante mais um Junkie talentoso daquela geração.

O segundo estágio é o do amor romântico ou paixão, da atração física e sexual

Depois dos excessos, Frusciante saiu da banda para enfiar o pé na jaca e posteriormente se recuperar, voltando em 98. Essa volta, marca o melhor momento da relação que durou até 2009. Lançaram Californication, By the Way e Stadium Arcadium, discos com ótimas vendagens, hits radiofônicos, e que mostraram a banda para uma geração nova de fãs, tornando de uma vez por todas, uma das principais bandas do Rock mundial. Porém, rotinas estressantes de shows e turnês, e querendo se dedicar aos trabalhos solos, Frusciante decide sair novamente, indicando até seu substituto, o guitarrista e parceiro de trabalhos solos, Josh Klinghoffer.

O terceiro estágio é o da construção gradual do vínculo duradouro, o amor propriamente dito

Em 2019 a banda decide se reconectar novamente com Frusciante e solta um comunicado no site dizendo;

Josh é um lindo músico que nós respeitamos e amamos. Estamos profundamente gratos por nosso tempo com ele, e pelos incontáveis presentes que ele compartilhou conosco. Também anunciamos, com grande entusiasmo e corações completos, que John Frusciante está retornando ao grupo. Obrigado.”

Reconciliação madura e a volta do grande e verdadeiro amor.

RHCP com formação clássica
RHCP com formação clássica – Foto Divulgação (Clip)

Após as reconexões feitas e alguns ensaios, decidem compor material para um novo trabalho. Quem acompanha Frusciante, tanto no RHCP quanto em carreira solo, sabe que o cara é uma máquina de compor. Numa entrevista recente a Classic Rock, ele diz;

Tínhamos cerca de 45 [músicas] mas poucas foram escritas enquanto estávamos gravando as trilhas básicas, ou na fase de pré-produção. Eu ia parar quando tínhamos umas 20 — eu sentia que já era o bastante. Na verdade, tiveram três momentos durante o processo de composição que eu pensei: ‘Já temos músicas o bastante, vou parar de escrever agora

Amor sem limites

Falando do disco agora, um bom álbum precisa começar com uma música que impacte e imprima o que venha na sequência. Black Summer foi o primeiro single disponibilizado pela banda, e mostra a marca Californication do grupo, e ao mesmo tempo, quanto Frusciante é melodicamente bom e um excelente guitarrista.

Em The Great Aples e It ‘s Only Natural, Frusciante imprime sua marca característica nas guitarras, com acordes “limpos”, colocando peso quando necessário, alguns enfeites rítmicos e bastantes overdubs que dão destaques às músicas. A música Not the One é outra que segue na mesma pegada, adicionando uma guitarra de fundo hipnótica e um solo maravilhosamente melancólico, além do piano como pano de fundo.

Poster Child vem com um vocal do Anthony Kiedis meio rap, até entrar na linha melódica, contrastando com o Baixo do Flea e deixando a música bem interessante. Aliás as linhas de baixo do Flea continuam pontuando todos os sons do disco, onde em algumas faixas ele toca seu primeiro instrumento, o Trompete (como em Aquatic Mouth Dancer). Vale ressaltar também a competência de Chad Smith na bateria.

RHCP Foto Divulgação
RHCP Foto Divulgação

Bastards of Light tem um potencial radiofônico caso fosse lançada há 15 anos atrás, visto que as rádios atuais no Brasil não dão mais espaço para este tipo de música, pois Rock não é mais para jovens, pelo menos por enquanto.

She ‘s A Lover é um funkzinho do bom, como o RHCP sabe fazer, e em These are the ways, a melhor faixa do disco para mim, remete demais aos sons feitos nos anos 90 por diversas bandas daquela época.

Vale lembrar que a produção do disco ficou a cargo do lendário produtor Rick Rubin, que trabalhou em 06 discos da banda, inclusive nos clássicos, e que ajudou demais a banda em vários pontos.

Ponto negativo é a quantidade de músicas para um álbum atualmente. O disco conta com 17 faixas, e em alguns momentos o ouvinte se perde, precisando voltar para dar atenção. A arte do álbum também é outro fator no mínimo estranho, pois imita a capa do Silverchair em Neon Ballroom.

Este disco não foi feito para arrebatar novos públicos, como aconteceu na época do Californication, mas serve para matar a saudade de vários fãs viúvas do Frusciante, que gostam de dar valor somente aos trabalhos com ele na banda. Como esse disco tem o pano central de destaque o retorno do guitarrista, aconselho irem atrás da carreira solo dele, que é muito boa, e ouvirem sem medo Unlimited Love, pois não haverá arrependimentos.

Frusciante - Foto para Revista Total Guitar
Frusciante – Foto para Revista Total Guitar

A crítica especializada fez a banda passar de ano com as notas dadas ao disco, variando ali entre 4 estrelas da Rolling Stone e NME, até um 6,2 da Pitchfork, até atingir o topo da Billboard nesta última semana (12/04-2022) com o disco mais vendido. Vou dar nota 6,5.

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