Foo Fighters - But Here We Are

Aqui estamos nós com os Foo Fighters

Tempo de leitura: 6 min

Foo Fighters olha para o passado, vive o luto e lança um de seus melhores trabalhos

A banda de rock mais influente da atualidade, os Foo Fighters, lançou seu décimo primeiro álbum, intitulado But Here We Are, um ano após a morte do seu baterista Taylor Hawkins, uma figura marcante da banda com Dave Grohl, que, nesse período, também teve que lidar com a perda da sua mãe, Virginia Grohl, de 84 anos.

Um disco enraizado na superação, na vontade, e na forma de mostrar que sofrimento e perda sempre foram fontes de inspirações para ótimas músicas e ótimas formas de arte. Que forma melhor de canalizar todo sentimento de perda, angústia, raiva, amor e ódio, senão fazer arte?

Foo Fighters em reconstrução

Está claro que Dave Grohl é uma das pessoas mais resilientes e esperançosas do rock, pois sua história é marcada por perdas de pessoas importantes na sua vida de artista. Primeiro Kurt Cobain no século passado, agora Taylor.

Olhando para o passado

Sonoramente, esse é um álbum mais voltado para o que a banda foi nos anos 90. A estética mais rock e menos hard voltou a aparecer. Um resgate das influências do punk americano meio Husker Du e Bob Mould, com lado bom do emo de bandas como Jawbox e até do Sunny Day Real Estate.

Taylor Hawkins foi um ótimo baterista, transparecia ser um ótimo amigo, mas a sua entrada nos Foo Fighters, levou a banda para um lado mais solar, mais Califórnia. Não é um demérito, serviu para afastar as nuvens cinza que rodeavam Dave Grohl, mas transformou uma banda com raízes grunges-punk, em uma banda meio Fleetwood Mac, meio AOR (adult oriented rock).

Voltando para o disco, But Here We Are, foi gravado e produzido em seu estúdio, o 606 West, com ajuda do amigo e produtor Greg Kurstin, e com pitacos de todos os outros integrantes. Além do resgate do rock alternativo, há ainda o lado rock de arena de Dave Grohl, fato que faz o disco se perder um pouco em alguns momentos, mas nada que o faça sair dos trilhos.

Faixa a faixa

A faixa Rescue, que abre o disco, é uma boa síntese disso, começa sendo Foo dos anos 90, com os berros do Dave e sua ótima bateria, e por volta do primeiro minuto, entra no modo rock de estádio. Tudo bem! Dave precisava começar assim e desentalar um grito de amor e esperança e amor ao Taylor.

“Ele veio em um flash, veio do nada, aconteceu tão rápido, E então acabou. Você está sentindo o que eu estou sentindo? Estou apenas esperando para ser resgatado. Traga-me de volta à vida.”

Canta Dave na faixa de abertura, Rescue
Rescue em From Preparing Music for Concerts – Youtube Foo Fighters

Under You é a melhor do álbum, e deveria ser o mote a ser seguido. Direta, rápida, certeira. Ela define muito bem o som dos Foo Fighters. Adoro o fato do Nate Mendel — um baixista infelizmente subestimado — aparecer nela, fato que vinha se perdendo nos últimos trabalhos.

Hearing Voices é demais, traz timbres de guitarra não muito utilizados pela banda. Lembra muito do rock feito nos anos 80.

A faixa-título But Here We Are remete aos últimos trabalhos da banda, em sonoridade. Grohl mostra que aprendeu a gritar, e ao vivo a garganta que se cuide.

Foo Fighters – But Here We Are (Sunrise Lyric Video)

The Glass, feita para acender as luzes do celular no show, darmos as mãos e chorar. Isso, se alguém estiver prestando atenção, é claro.

Nothing At All tem uma pegada dançante do começo e vira rock na sequência. É o Dave procurando uma paz de espírito tão citada na letra.

Show Me How chama a atenção por ter uma guitarra com chorus bem anos 80, e por ter Violet, filha de Dave, nos vocais. Ponto alto sem sombra de dúvida. Violet coloca muito bem sua personalidade nos vocais.

Foo Fighters – Show Me How

Beyond Me, com uma guitarra a la Brian May, se tivesse sido lançada nos anos 80, seria trilha de comercial de cigarros. Hoje encaixa muito bem em palestras motivacionais. Espero que fique longe dos coachs de LinkedIn.

The Teacher é a banda saindo dos trilhos, isto é, passando da conta às vezes, para logo depois, chegar ao destino.

Um exemplo de que menos é mais, está claro em Rest. Estava perfeita até os 02 minutos e 40, lembrando até Something in The Way. Entretanto, Dave deve ter percebido a semelhança e começou a enrolar.

But Here We Are no Spotify

E lá vamos nós

But Here We Are é um bom disco, mostra mais uma vez o talento de Dave em várias frentes. Como compositor, como baterista (já que fez todas as baterias do álbum), e com talento em superar as adversidades da vida. 

Foo Fighters com Josh Freese – Imagem vídeo From Preparing Music for Concerts

Com uma agenda de shows lotados e disputados, a banda agora fará o que sabe fazer de melhor. Entretenimento. Souberam promover a entrada do ótimo baterista Josh Freese, e saberá comover as plateias mundo afora, inclusive com dois shows no Brasil, via The Town.

Avaliação: 3.5 de 5.

Ficha Técnica

Foo Fighters

Dave Grohl – lead vocals, guitar, drums, production
Nate Mendel – bass, backing vocals, production
Chris Shiflett – guitar, backing vocals, production
Pat Smear – guitar, production
Rami Jaffee – keyboards, production

Músicos adicionais

Violet Grohl – vocals on “Show Me How”

Equipe técnica

Greg Kurstin – production
Mark “Spike” Stent – mixing
Randy Merrill – mastering
Morning Breath, Inc. – art direction, design

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