Memento Mori, é o décimo quinto álbum do Depeche Mode, lançado em 24 de março de 2023 nas plataformas digitais, a menos de 01 ano da morte de um de seus membros fundadores, o tecladista Andrew Fletcher, vítima de um problema cardíaco. Um disco com temáticas fúnebres, letras pesadas, mas olhando para frente com um ar de agradecimento por serem o que são, e chegarem aonde chegaram.

Memento Mori é uma expressão do latim que fala da mortalidade, e lembra que todos nós iremos morrer um dia, ao mesmo tempo que reflete como vivemos e como podemos valorizar mais os nossos dias na terra. É uma reflexão de como devemos ver a vida, e que fica claro nas letras das músicas compostas quase que inteiramente por Martin Gore (guitarra, teclados e vocal).
Em My Cosmos is Mine, Dave Gahan canta;
“Nenhuma morte sem sentido, não encare minha alma, eu juro que está tudo bem, suas fronteiras estão definidas, meu cosmos é meu”
Trecho da letra My Cosmos is Mine
Ao longo de 12 músicas do disco, esta temática nas letras é bem acentuada, talvez por sentirem a perda recente do amigo de banda, ou verem que enquanto o tempo passa e a idade chega, seria um bom momento de revisitar a vida, decidindo que viver é o agora, e que resta aproveitar.
Do luto, a um dos melhores discos do ano
Se há um certo consenso de que tudo já foi feito na música, nada de novo pode vir a explodir no pop ou no rock, há também uma sensação de que nada lançado hoje por qualquer artista possa vir a ser chamado de datado, piegas, clichê, ou qualquer outro adjetivo para desmerecer um trabalho, pois o que o Depeche Mode faz, é música moderna, com classe e qualidade para os padrões atuais.
Hoje como um duo, Martin Gore assume as composições de letras e melodias, algo tido como normal na carreira da banda, mas dessa vez de uma forma mais enfática. A parceria necessária no disco se fez com a ajuda do produtor James Ford – que já produziu de Arctic Monkeys a Gorillaz, inclusive o Depeche Mode – que ajudou nas programações e tocou bateria, guitarras, baixo e cordas em várias das faixas.
Mas vale ressaltar a qualidade extrema dos vocais de Dave Gahan, que parece ter colocado as cordas vocais no formol, e continua cantando como nunca, com sentimentos que transbordam para o ouvinte e fã da banda. Além disso, Gahan, é um dos melhores frontman da atualidade, interagindo cada vez mais com o público, e dançando maravilhosamente bem (veja os vídeos dos shows da banda no youtube).
Em um disco bem definido, com ótimos momentos, destaco My Cosmos is Mine, Don’t Say You Love Me, Soul With Me, o single e música de trabalho Ghosts Again, Never Let Me Go que me lembra muito Joy Division, e Speaks To Me, como as melhores do disco. Note que citei mais de 50% do álbum como ótimas músicas, o que significa que as demais também são boas, logo, Memento Mori, entra no posto de melhores discos do ano.
A morte faz você lembrar o quanto é bom viver, e o Depeche Mode, do seu jeito, nos ensina neste disco.
Ficha Técnica
Dave Gahan
Martin L. Gore
Additional musicians
Marta Salogni – programming
James Ford – programming, synthesizer (tracks 1–8, 10–12); drums, percussion (1, 3–6, 8, 10–12); guitar (4, 6, 11), strings (4, 12), pedal steel guitar (4), bass guitar (5, 11, 12)
Davide Rossi – strings, cello, violin (3–6, 8, 10, 12)
Desiree Hazley – violin (3–6, 8, 10, 12)
Luanne Homzy – violin (3–6, 8, 10, 12)
Christian Eigner – programming (8, 12)
Peter Gordeno – programming (8)
Technical
James Ford – production
Marta Salogni – mixing, engineering
Matt Colton – mastering
Francine Perry – engineering assistance
Grace Banks – engineer assistance
Gregg White – engineering assistance (1, 3–6, 8, 10–12)
Adrian Hierholzer – vocal engineering (3, 4, 11)
Artwork
Anton Corbijn – cover, all visuals, art direction, design