Telecorsa em atos
Ato I
Você conhece o Edwin? Ele é malucão e faz um som massa.
Foi assim que conheci Edwin de Paula, recomendado por um colega em comum. Pelas redes sociais, Edwin estava anunciando o lançamento do seu primeiro álbum nas plataformas digitais, o Telecorsa, com um pocket show na livraria da cidade.
Fui ouvir o disco e gostei muito já na primeira audição, porque melodias estranhas me chamam muito a atenção, e o Telecorsa é isso, a junção do Pop com o diferente.

Ato II
Ir atrás das referências musicais, e ver o artista Ao Vivo, são funções que ajudam qualquer um a chegar mais perto da “opinião” sobre o artista. O Telecorsa tem muito de inspiração dos trabalhos do Thom Yorke, tanto com o Radiohead pós In Rainbows, quanto aos seus outros projetos, e muito da verve da MPB, como Edwin cita na entrevista.
Não é só isso, tem jazz, minimalismo, diversas camadas e colagens, mas acima de tudo, o apelo pop, que é o que no fundo os artistas visam. E o pop aqui não é no sentido pejorativo, pois nem todos fazem com qualidade, nem todos aliam o estranho com a facilidade aos ouvidos, nem todos chegam lá. Mas o Edwin está no caminho.
O Interlúdio da Introdução, seguido de Sinceridade e Teorema resumem o disco e a verve Yorke que Edwin evoca, tanto nas camadas sonoras quanto nos vocais. E tudo bem, é isso, é uma boa referência explícita.
Manifesto começa com a guitarrinha que gruda, e a que mais tem o apelo pop radiofônico. Isso se as rádios dessem de fato valor aos artistas novos. Tem tudo para se tornar hit nas redes, acordar os Pedrinhos da vida mostrando conteúdo na lírica.
Se Você Quiser é outra que segue o mesmo caminho de Manifesto. Pop com uma pegada sensual para a meninada da Undr (balada em Joinville).
Falando com os Surdos é a veia mais MPB do disco. Edwin mostra essa face MPB na cover de Anunciação (Alceu Valença) que ele fez em um single lançado no passado, e quando tocou a maravilhosa Divina Comédia Humana de Belchior em seu show na Livraria.
Diário da Sobriedade, Transtusa Espiritual e Papa-ego mostram Edwin ousando mais nas linhas melódicas e letras, o que eu entendo que de fato ele entra no conceito do Telecorsa. Seria o passo adiante de um artista para novas direções.
Autorama tem cheiro de anos 80 desde os timbres da guitarra, no nome, e nas baterias eletrônicas a lá RPM, terminando num começo de rave dos anos 90. Se Stranger Things fosse no Brasil, essa música seria trilha sonora.
Outubro No.2 segue a cartilha de como todo disco bem feito deve ser, terminando de forma concisa. Cresce em melodia com o vocal pontuando, conduzindo e dominando a música.
Ato III
A lírica do Edwin tem boas referências, as letras aliás são pontos de destaque do disco. É o retrato do artista Edwin se despindo, num processo de evolução, tentando chegar à maturidade com seus conflitos internos e externos, desejos e sensações à mostra.
Edwin tem os predicados necessários para novos voos. Tem carisma, tem talento, tem coragem.
Nota – 8 (f´s)
Você pode conferir a entrevista do Edwin por aqui.
esse disco tem exatamente oq um debut precisa ter, pra mim: um pé bem firme nas referências, claras e escancaradas, e o outro, também bem firme, naquela ousadiazinha marota, sem nenhum sinal crítico de desequilíbrio. o edwin é muito talentoso e tenho certeza que o sucessor do Teleorsa vai ser um put4 level up.
Talentoso e carismático.