Um dos melhores discos do ano, na metade do ano.

O Rock morreu! o Rock acabou! Rock é coisa de tiozão! Quais dessas afirmações você mais concorda?
Estou sempre inclinado a concordar com coisa de tiozão, mas ao ouvir o terceiro trabalho de uma banda que tem 05 anos de formação, fica difícil acreditar nisso.
Isso, Fontaines D.C. tem 05 anos, e já lançaram 03 álbuns todos acima da média. Dogrel em 2019, um disco de “Punk” tocado por moleques Irlandeses muito bem cientes do que estavam fazendo. Depois o ótimo A Hero´s Death, que acentuou o Pós Punk da banda, onde o capricho nas melodias apontava para qual caminho estes moleques seguiriam, e de qual fonte eles estavam bebendo para aperfeiçoar a fórmula ainda mais no terceiro disco, o maravilhoso Skinty Fia.
De uma forma bem genérica, o Fontaines D.C. é uma mistura de Sex Pistols e Joy Division, com pitadas de Wire, que juntas foram as bandas que mais desenharam o formato do rock no Reino Unido de 80 para cá.
Mais Irlandeses que o U2.
Mais Irlandeses que o U2, porque o disco é uma ode ao país de origem (Irlanda) da banda, desde o estranho nome do disco que remete a uma expressão antiga Irlandesa, algo como Condenação do Veado Irlandês no sentido metafórico, até o título em Gaélico Irlandês “In ár gCroíthe go deo” inspirado na luta da família de uma mulher com a Igreja Inglesa para ter na sua lápide a frase que significa “em nossos corações para sempre”, e negado pela própria (igreja), temendo um teor político, o disco vai passeando pelas angústias dos jovens irlandeses, que com o passar do tempo, carregam sempre dentro de si aquele não pertencimento ao tão celebrado Reino Unido.
Vários críticos e revistas especializadas destacam o tom experimental que a banda segue, mas eu acho um assombroso caminho ao Pop realizado com qualidade, melodias, execução de instrumentos e vocais bem colocados. É a maturidade precoce de uma banda, que chega chegando, batendo no peito mostrando a que veio.
Sabe aquele jovem que chega no seu trabalho para ser seu parceiro, e na primeira semana, você o vê como uma ameaça pela inteligência, com um mês fica espantando com a sua rapidez e sagacidade para desenvolver aquilo que você demorou um ano para aperfeiçoar, e com 03 meses, você já se conforma, o moleque é bom e você ou vira fã, ou pede as contas e se conforma em ser o tiozão ali do começo do texto. Esse é o Fontaines D.C. no rock atual.
O disco inteiro é bom, não dá para citar uma ou outra, e muito provavelmente vai fazer algo que a geração atual não consegue fazer, ouvir o disco do início ao fim sem pular uma faixa, até mesmo a estranha para os padrões, The Couple Across The Way.
Você vai ficar arrepiado, vai querer dançar, vai chorar, vai querer assistir logo um show dos caras, vai falar que ama, e muito dificilmente vai enjoar das músicas. Quaisquer sentimentos diferentes desses, você não pode ser normal.
Nota 9.
O Fontaines é;
- Carlos O’Connell – guitar, backing vocals
- Conor Curley – guitar, piano, backing vocals
- Conor Deegan III – bass guitar, guitar, backing vocals
- Grian Chatten – lead vocals, tambourine
- Tom Coll – drums, percussion, guitar